O convívio
entre o homem e o gato existe desde 4 mil anos antes de Cristo. Foram
encontrados afrescos e pinturas funerárias de gatos caseiros das primeiras
dinastias egípcias. Encontrou-se no Egito uma grande variedade de múmias de
gatos. Algumas são envolvidas em tiras de pano entrecruzadas formando um desenho
bicolor. Discos redondos representam as narinas e os olhos, sendo as orelhas
imitadas com folhas de palmeira. Outras são encerradas em sarcófagos de madeira,
de bronze ou de barro. Alguns exemplares podem ser vistos no Museu
Nacional do Rio de Janeiro.
Os egípcios
apreciavam de tal maneira seus gatos que sua exportação era expressamente
proibida; mas os mercadores jônicos entregaram-se a um lucrativo contrabando que
permitiu ao gato-caseiro alcançar primeiro a Ásia Menor e depois a Europa. Na
Índia o gato foi, aproximadamente, amansado na mesma época que no Egito. A China
já conhecia o gato-caseiro mil anos antes de nossa era, o Japão um pouco mais
tarde.
Os romanos se interessaram mais pelo gatos do que os gregos. A legião de César contribuiu muito para sua distribuição por toda a Europa e, em particular a Inglaterra. Portanto, foi somente ao ano de 1400 que o gato-caseiro substituiu definitivamente em Roma a fuinha, que era utilizada até então para o controle de ratos.
Na Idade Média foi, de um modo geral, hostil aos gatos, que eram associados às feitiçarias e considerados criaturas diabólicas. É desta época que parte a maioria das superstições, das quais algumas chegaram aos nossos dias. O gato-doméstico, por seu caráter independente, aceita a coabitação do homem mas não abandona nenhuma de suas prerrogativas de animal livre. Por isso não é considerado propriamente doméstico. Sai à hora que lhe convém, deita-se onde quer, come o que gosta, goza nossa hospitalidade e nossas carícias que lhe agradam, mas recusa-as quando as irritam. Em troca, oferece-nos sua beleza e sua graça. Se caça camundongos é pelo esporte e não para se tornar útil.
Animal livre, o gato é independente e voluntarioso. A reação do gato, é muito diferente do cão, quando ele defende seu território é unicamente contra os outros gatos, nada mais lhe importando. Como os outros carnívoros marca o seu território urinando nos limites do mesmo, inclusive na cama do dono e, isso tem significação apenas para os outros gatos.
O gato-caseiro é um animal gracioso, limpo e simpático. de movimentos harmoniosos, tem uma agilidade surpreendente. Seus passos são flexíveis e medidos, e ele se apóia com suavidade sobre as acolchoadas patas. Suas unhas retrateis tornam a marcha perfeitamente silenciosa. Quando perseguido ou assustado, ele pode deslocar-se rapidamente por meio de uma série de saltos que o põe fora de perigo. Mas, em terreno plano e descoberto, sua corrida é bem menos rápida que a do cão. E é por esta razão que ele em geral tenta subir em árvores ou escalar muros com a ajuda de suas garras.
Qualquer que
seja a maneira que ele caia, o gato consegue sempre aterrar sobre as patas,
graças ao seu senso de equilíbrio, que permitem que ele de contorça no ar. Se a
queda é grande a cauda funciona como leme. O gato também sabe nadar, mas só o
faz excepcionalmente.
Senta-se como
os cães, apoiando-se no solo com a parte posterior do corpo e sustentando-se nas
patas anteriores estendidas. Dorme geralmente de lado, mas tem uma noção de
conforto muito pessoal o que o leva a adotar, muitas vezes, as posições mais
estranhas.
Para se
expressar, o gato-caseiro dispõe de um vocabulário bem diversificado cheio de
miados, ruídos, assobios, gritos, espirros e sopros variados, capazes de
expressar prazer, pesar, desprezo, medo, cólera, ameaça, namoro, etc.. A maioria
dos gatos emite um som muito especial para saudar o dono, e todos sabem que um
gato satisfeito ronrona. O miado é dirigido exclusivamente às pessoas e nunca
aos outros gatos.
O tato e a visão e a
audição são os sentidos mais desenvolvidos do gato. O olfato é menos sensível.
Os pêlos de seus bigodes são órgãos táteis muito sensíveis. As patas têm,
igualmente grande sensibilidade tátil. A visão é excelente, tanto de dia como de
noite, pois sua pupila vertical tem grande poder de dilatação e contração,
segundo a intensidade da luz; mas ele é capaz de perceber objetos numa luz muito
fraca. Sua audição é ainda mais aguda. Reage, aproximadamente, como a do homem,
a freqüências inferiores a 2.000 ciclos por segundo. Mas na gama dos agudos
percebe sons correspondentes a 60.000 c.p.s, enquanto o limite humano é de
20.000 c.p.s.
O gato é um
animal muito limpo e, limpa o seu pêlo cuidadosamente, lambendo e alisando
incansavelmente do pescoço à extremidade da cauda. Oculta cuidadosamente os
excrementos com terra ou serragem preparada para esse fim e que deve ser
renovada todos os dias.
Ao contrário
do cão o gato é um animal essencialmente individualista, altivo e solitário e,
ele nunca se submete a seu dono. Esse caráter independente valeu-lhe uma
reputação muito justificada de desobediente.
O gato também é de natureza prudente. Jamais se aventura a fazer algo sem tomar precauções. Se sai à noite, espera junto da porta, antes de partir, que seus olhos se acostumem à escuridão. Em face do perigo, geralmente prefere pôr-se em segurança, em qualquer refúgio elevado, donde observa o inimigo com um olhar maligno, seguro de que este não poderá alcançá-lo mas, se não vê saída, não hesita em defender-se com a maior coragem.
A atitude de arquear o dorso e eriçar os pêlos é uma atitude para intimidar o adversário fazendo com que se parece maior do que realmente é.
- REPRODUÇÃO
A gata é fecundada geralmente pela primeira vez aos cinco
meses. É com essa idade que ela tem o seu primeiro cio e se torna sexualmente
adulta. O cio dos gatos não tem período determinados. Nos climas temperados os
acasalamentos são mais freqüentes durante a primavera e podem durar de três dias
a três semanas. Se a fêmea não é fecundada, ela começa imediatamente um novo
período de cio.
Na época da reprodução,
a gata emite um grito característico e de grande alcance que alerta todos os
machos da vizinhança. O comportamento, nessa época, tanto do macho, como da
fêmea, muda completamente. O animal se torna subitamente selvagem, inquieto, e
vaga de dia e de noite à procura de seu companheiro (ou de sua companheira).
Todos nós já fomos acordados alguma noite por seus gritos que lembram o choro de
uma criança. Os machos lançam a combates implacáveis para resolver apenas a
questão da precedência, uma vez que, no fim das contas, a fêmea será servida, a
curtos intervalos, por todos os machos. A gata pode dar à luz, numa mesma
ninhada, a filhotes originados de vários machos, podendo cada um deles ser de um
pai diferente.
A gestação dura em média 62 dias, mas também nisso o gato é individualista, e ela pode variar de 59 a 69 dias. A mãe prepara com antecedência um leito macio e confortável num lugar tranqüilo. Seu instinto faz com que ela esconda a prole de modo que o pai não descubra, pois ele não hesitará em devorá-la.
Na hora do nascimento, cada gatinho nasce num envoltório que a mãe rompe ao limpar o filhote, ela come a placenta o que estimula a produção de leite. Ela não se contenta em apenas amamentar seus filhotes, mas passa grande parte do tempo a lambê-los e lustrá-los com sua língua áspera. A gata é uma excelente mãe e, é ainda capaz de amamentar cachorrinho, coelhinho e mesmo ratinhos órfãos.
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